poesia, essa coisa de loucos
poesia, essa coisa de tontos
coisa sem nome que insistimos em chamar por esse nome
coisa que fala a língua das mãos, dos anjos e dos monstros
poesia, essa coisa de monstros
essa coisa de barricadas de vento
de silêncio que ensurdece
de falésias que sussurram
essa prece ao sem-nome
há que cantar todos os ladrilhos da lama
o barro de todas as cerâmicas
há que cantar até gastar a voz-lâmina
até que a barba cresça braba sobre o sorriso e sobre a anima
há que cantar o amor, ainda que vário, breve ou tanto
há que cantar os sargaços, os veleiros, os arames, o crisântemo
com essa coisa sem nome, essa coisa de antros
até perder-se os sentidos
até subir por escadas que só descem
ou labirintos que só saibam a peste, petúnias, pomerânios
há que se dar asa às penas
folgas às segundas-feiras
até perder-se de si
que o digam chiaroscuro esses 3
o fabiano o dhynarte e o petry
escrevi esses versos pra ler no lançamento do livro "3" (volume de poemas de Fabiano Finco, Dhynarte de Borba e Albuquerque e Odegar Júnior Petry, organizado e apresentado por mim) em Caxias do Sul há uns dias atrás./
como a leitura não foi feita - em face do grande movimento de gente que compareceu ao troço - publico aqui entonces, de modos a homenagear meus queridos amigos-poetas pela coragem de deixar seus poemas nas mãos de alguém como eu./
como nenhum dos 3 poetas leu (salvo o Petry, maybe), aí vai.
30 setembro, 2005
as canções que tocam dentro
flores horizontais
(oswald de andrade/josé miguel wisnik)
flores horizontais
flores da vida
flores brancas de papel
da vida rubra de bordel
flores da vida
afogadas nas janelas do luar
carbonizadas de remédios
tapas pontapés
escuras flores puras
putas suicidas sentimentais
flores horizontais
que rezais
com Deus me deito
com Deus me levanto
essa obra-prima foi musicada pelo grande José Miguel Wisnik e está no disco "Do Cóccix Até o Pescoço" de Elza Soares.
canção que leva Elza às lágrimas nos shows, metáfora poderosa de Oswald, não quer calar na minha rádio-mentalFM.
inauguro com esta música espaço para os silenciosos colaboradores d'os pátios postarem as canções que estão sempre a tocar em suas cabeças.
(oswald de andrade/josé miguel wisnik)
flores horizontais
flores da vida
flores brancas de papel
da vida rubra de bordel
flores da vida
afogadas nas janelas do luar
carbonizadas de remédios
tapas pontapés
escuras flores puras
putas suicidas sentimentais
flores horizontais
que rezais
com Deus me deito
com Deus me levanto
essa obra-prima foi musicada pelo grande José Miguel Wisnik e está no disco "Do Cóccix Até o Pescoço" de Elza Soares.
canção que leva Elza às lágrimas nos shows, metáfora poderosa de Oswald, não quer calar na minha rádio-mentalFM.
inauguro com esta música espaço para os silenciosos colaboradores d'os pátios postarem as canções que estão sempre a tocar em suas cabeças.
28 setembro, 2005
viniciustodeschini: eis que deu as caras por aqui meu arqui-amigo e primevo parceiro. sempre bem-vindo com suas tiradas épicas, seus maneirismos lúcidos, sua sinceridade atroz e agora em novo formato: parapsicanalista. já que entrou, fique. e traga o mate.
a imagem acima: capa do disco desses dois: esse que vos redige essas gotas de azeviche, e aquele que agora se aclimata a este pátio, fecundo de flores, amores, bolores, cantatas.
a imagem acima: capa do disco desses dois: esse que vos redige essas gotas de azeviche, e aquele que agora se aclimata a este pátio, fecundo de flores, amores, bolores, cantatas.
A participação
Participar pode ser uma forma de exclusão sofisticada/ A bala participa do corpo quando penetra nele, mas estabelece o início de um processo que pode ser fatal.
Não participar pode ser uma forma de inclusão rebuscada/ O sujeito que acampa em frente a um lugar onde não é bem vindo está criando um fato que pode estabelecer uma reversão capaz de incluí-lo onde era indesejável.
Não participar pode ser uma forma de inclusão rebuscada/ O sujeito que acampa em frente a um lugar onde não é bem vindo está criando um fato que pode estabelecer uma reversão capaz de incluí-lo onde era indesejável.
27 setembro, 2005
pequeno poema emocionado ao ver paulinho da viola na foto de walter firmo
Paulinho da Viola no pátio da casa de Copinha no bairro de Queimados, em 1974
pra onde olhará paulinho
na foto de walter firmo
prum andaime infinito
pairando sobre as cabeças?
pra onde olhará paulinho
enquanto o samba acontece
será que tece sereias
nas bordas de um alicerce?
pra onde olhará paulinho
tão triste assim sorridente
será que samba sozinho
entre a relva e o cimento?
pra onde orará paulinho
que seu olhar não desmente
que vê um Deus que se inclina
na tarde que se alucina
numa luz iridescente?
os poetas e o(s) pát(h)(i)o(s)
26 setembro, 2005
pátios de sangue & ternura & fúria
robert louis stevenson,
paul auster,
milorad pavitch,
alvaro mutis.
este que vos redige essas atarantadas linhas deve um pedaço da sua alma de adulto-jovem-agora-adulto-velho a essas criaturas aí de cima. não fosse por eles talvez este escriba aqui não estivesse aqui. daqueles autores que te ferram direitinho. que te levam ao fim-do-mundo. que te ensinam como escrever com sangue e ternura e fúria. definitivamente gente do meu pátio.
este que vos redige essas atarantadas linhas deve um pedaço da sua alma de adulto-jovem-agora-adulto-velho a essas criaturas aí de cima. não fosse por eles talvez este escriba aqui não estivesse aqui. daqueles autores que te ferram direitinho. que te levam ao fim-do-mundo. que te ensinam como escrever com sangue e ternura e fúria. definitivamente gente do meu pátio.
23 setembro, 2005
a neve ainda
por aqui, neste recanto gelado, veio o inverno mas a neve não veio.
lembranças dela, anos atrás, indo pela Garibaldi e levando aqueles fractais gélidos e belos na face nova (àquela época).
fato que motivou esse pequeno poeminha, que incluí em meu primeiro volume de poemas, "As horas dragas" (Caxias do Sul,1999).
inverno
caxias neve
uruguaiana never
lembranças dela, anos atrás, indo pela Garibaldi e levando aqueles fractais gélidos e belos na face nova (àquela época).
fato que motivou esse pequeno poeminha, que incluí em meu primeiro volume de poemas, "As horas dragas" (Caxias do Sul,1999).
inverno
caxias neve
uruguaiana never
todos os teus pátios
cai sobre minha rua a tua com todos os teus pátios
e todas tuas flores e teu perfume lento vai-se adentro
nesse vórtice de aconchego sem sombras do teu pátio
nem meu corpo agora no retrato foi tão longe 1344
tão feliz e tão romântico que dançamos dentro do veludo
dentro do perfume dentro do teu quarto
onde roubo um pouco do cheiro do teu pátio delicado.
e todas tuas flores e teu perfume lento vai-se adentro
nesse vórtice de aconchego sem sombras do teu pátio
nem meu corpo agora no retrato foi tão longe 1344
tão feliz e tão romântico que dançamos dentro do veludo
dentro do perfume dentro do teu quarto
onde roubo um pouco do cheiro do teu pátio delicado.
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