24 dezembro, 2007
26 novembro, 2007
Eu queria. Não. Eu te queria. Não. Eu te queria por perto. Não muito perto, mas presente. Não. Nítida. Não a nitidez da tua imagem, até porque essa nunca fora uma de suas características. Nítida que mesmo na distância aumentada eu pudesse te ver. Faça um pacto com a minha miopia, querida. Diga a ela que tu não tem nada a ver com a revolta dela em me fazer enxergar menos. Não. Ver menos e apenas as coisas distantes, pois o que está perto eu posso milimetrar os traços da epiderme do objeto que me alcança. Diga a ela que você sempre estará distante (mesmo quando perto) e que, por isso, precisas convecê-la de me devolver a possibilidade de te ver se afastar (mesmo quando perto). Faça que se acalme, já que eu, mesmo que volte ao meu estado perene de uma observadora relapsa, não poderei ver sequer a estampa do seu vestido quando resolver usá-lo. E é por isso também que eu te queria perto. Não sei por onde anda minha Miopia e será difícil o encontro de vocês. Acho que ela anda entre as juntas do meu cérebro e a retina. Ali onde só eu posso vê-la. Na verdade, ela é completamente egoísta; me impede de te ver de longe, mas faz questão de se manter no lugar intocável do olhar desperto. Talvez aquelas cores que enxergamos quando fechamos duramente os olhos sejam, em mim, os soluços alegres da minha Miopia. Eu a vejo. Sim. Em detalhes saltitantes. Ela se fragmenta e emite cores inexistentes num arco-íris. Pois bem, será realmente complicado você convencer a Miopia de me deixar (te) ver. Ah! Porque eu não gosto dos meus óculos nem do meu sorriso quando estou com eles. Então, se você se manter perto (mesmo quando distante) enganamos a Miopia e, dessa forma, eu enxergo as tuas cores, querida.
14 outubro, 2007
21 junho, 2007
limpando a poeira
Pra tirar o pó um teste de retomada de postagens... como hoje chegou o inverno, segue o de Adriana Calcanhotto e Antônio Cícero:
Inverno
No dia em que fui mais feliz
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar até sumir
De lá pra cá não sei
Caminho ao longo do canal
Faço longas cartas pra ninguém
E o inverno no leblon é quase glacial
Há algo que jamais se esclareceu
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei
Lá mesmo esqueci que o destino
Sempre me quis só
No deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar
Não sei o que em mim
Só quer me lembrar
Que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois
Pouco antes de o ocidente se assombrar
Assinar:
Postagens (Atom)