Eu queria. Não. Eu te queria. Não. Eu te queria por perto. Não muito perto, mas presente. Não. Nítida. Não a nitidez da tua imagem, até porque essa nunca fora uma de suas características. Nítida que mesmo na distância aumentada eu pudesse te ver. Faça um pacto com a minha miopia, querida. Diga a ela que tu não tem nada a ver com a revolta dela em me fazer enxergar menos. Não. Ver menos e apenas as coisas distantes, pois o que está perto eu posso milimetrar os traços da epiderme do objeto que me alcança. Diga a ela que você sempre estará distante (mesmo quando perto) e que, por isso, precisas convecê-la de me devolver a possibilidade de te ver se afastar (mesmo quando perto). Faça que se acalme, já que eu, mesmo que volte ao meu estado perene de uma observadora relapsa, não poderei ver sequer a estampa do seu vestido quando resolver usá-lo. E é por isso também que eu te queria perto. Não sei por onde anda minha Miopia e será difícil o encontro de vocês. Acho que ela anda entre as juntas do meu cérebro e a retina. Ali onde só eu posso vê-la. Na verdade, ela é completamente egoísta; me impede de te ver de longe, mas faz questão de se manter no lugar intocável do olhar desperto. Talvez aquelas cores que enxergamos quando fechamos duramente os olhos sejam, em mim, os soluços alegres da minha Miopia. Eu a vejo. Sim. Em detalhes saltitantes. Ela se fragmenta e emite cores inexistentes num arco-íris. Pois bem, será realmente complicado você convencer a Miopia de me deixar (te) ver. Ah! Porque eu não gosto dos meus óculos nem do meu sorriso quando estou com eles. Então, se você se manter perto (mesmo quando distante) enganamos a Miopia e, dessa forma, eu enxergo as tuas cores, querida.
26 novembro, 2007
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