Porque aqui faz calor e eu durmo sem roupas e acordo cedo com a janela escancarada, deixando o sol na cara me deixar transtornada logo pela manhã.
Porque hoje o trem quebrou e eu conversei com tanta gente diferente que de repente não sabia mais quem eu era e onde estava.
Porque eu escuto John Coltrane enquanto tomo um suco de limão e penso que a vida pode sim ser refrescante em tantos sentidos.
Porque há pouco eu aprendi o conceito de intuição, de virtualidades e do devir e isso, de alguma forma, já mudou tanto do que eu achava que sabia.
Porque nesse momento a tarde cai, minha roupa seca no varal e eu sinto saudades de certas coisas, daquelas saudades boas de se sentir.
Porque eu já não sou quem eu era ontem, porque eu já não sou quem eu era agora, porque alguém me liga e eu percebo que sim, eu simplesmente sou.
Porque imaginar o final de semana traz gosto de merecimento, porque minha preguiça passou e porque se permitir é tão incrível quanto Neil Armstrong pisar na lua.
Porque já dá pra ver a lua, porque amanhã é sexta-feira, porque eu gosto de cortar a unha e roer logo em seguida.
Porque descobri o quão legal uma criança pode ser, porque laços não se quebram, porque minha casa nova é agora a minha casa.
Porque o cinema já existia antes do cinema, porque champignon e pão preto é o que tenho na geladeira, porque o suor escorre nessas tardes de verão.
Porque talvez tantas coisas, porque talvez tantas outras, porque a incerteza seduz, porque é bom à meia luz.
Porque meu olho se cerra no momento em que encerra a plenitude dos dias.
Porque esse é um tempo espantosamente e deliberadamente otimista.
Porque me convenci.
A única coisa que vai se eternizar é o afeto.
* a foto é uma colaboração especial da minha mãe, Cora, que fez o clique no Chile, na prainha frequentada por Pablo Neruda.
2 comentários:
lindo.
arrancou lágrimas apertadas.
beijo.
tenho saudade de ti.
beleza, camila...
à casa torna.
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