29 março, 2006

qual teu Deus, poeta?*


poeta, qual o teu Deus?

tem duas faces e um nome
e um disfarce sem nome
tem quatro letras insones
que brilham no céu dos homens

qual, poeta,
teu Deus de hoje?


como faz o que te crie
em papel de almaço velho
riscado a caneta bic
ou o impresso aos excessos
numa esquina do Iraque

qual teu Deus, poeta?

o me acuda o me salve
ou me livre ou me guarde
mas não me torne cobarde
se não Te vejo nos ramos
das oliveiras postiças
que vigem nas megastores
sem que a Virgem evapore
da lágrima dos reclames?

mas o teu Deus
de hoje?


o te proteja e acompanhe
o que me é grande e te pague
um Deus de corda e arame
velame cedro alabastro

um Deus que é preso no espelho
ou um Deus solto no espaço
esse o teu Deus de hoje

um Deus suspenso no vento
de mil voragens mostarda
se eu quero que Deus me queime
mas eu não quero fogueira
se eu quero que Deus me arda!

mas não quero Torquemada.

(*) espero que os colaboradores do blogue e os contumazes comentadores de plantão respondam a essa Provocação que lhes faço, e, bem, falemos um pouco Disso. Se preferirem, todavia, falemos da janta. Ou ambos.

3 comentários:

Miguel Graziottin disse...

Meu Deus é minha vida
E minha vida não é minha
Meu Deus é minha vida,
Que só é vida porque compartilha
Não há vida, aqui, sozinha,
Sou um detalhe de um quadro,
Moldado em todas vidas
E assinado por Deus...

( sem autor conhecido)

Caleidoscópio Eterno disse...

Plagiando- te, meu Deus arde! Ele se mistura com as minhas trovadorescas confissões e injúrias. Meu Deus é o algo que ainda não sei definir. Desculpa Marco...ainda não cheguei a esse estado de certeza (ou incerteza)!

Me convida pra janta!

Anônimo disse...

Marco eis um poeminha se tu quizeres botar no Blog.

Petry


Arrepio

Unhas no isopor
torpor sem sol
Dentes rangem serrados
como giz no quadro negro
Áspero sigo no estriado
O trem no trilho
Atrito
faisca
Chão de cascalho
sapatos de alpinista
Chuva de pedra
teto de zinco
frágua


Odegar Junior Petry
Abraços!