16 janeiro, 2006
as canções que tocam dentro *
Antinome
(Chico César)
à noite aguda
ouvi um deus me acuda
como se aqui fosse a croácia
e era um assalto na farmácia
alguém necessitava
gaze e merthiolate
ob e chá mate
chamo-te pelo antinome, pai
quando o invisível
some e se esvai
em vinho que não bebo
em pão que não comerei jamais
no dia longo
sol nascendo e sol se pondo
como se aqui fosse o saara
é ceará e mais deus não dera
oásis quase nem
ninguém sequer espera
resseca gente-fera
a noite morre
ouço um quem me socorre
como se grozni aqui fora
e era alguém que ia embora
e o outro que ficava
implorava companhia
perdão, misericórdia
chamo-te pelo antinome, pai
quando o invisível
some e se esvai
em vinho que não bebo
em pão que não comerei jamais
(*) bolero com ares de milonga desse criativo compositor, cantada por ele e pelo outro Chico, o Buarque, em "Respeitem meus cabelos, brancos". Todo o CD é bom. Ando louco pra ouvir o recém-lançado "De uns tempos para cá", que segundo o próprio Chico César teve inspiração no antológico "Ramilonga", de Vitor Ramil.
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