eu queria fazer uma canção
que detivesse a fúria de dois mil tufões
que te saltasse aos olhos
e te deixasse nua
como uma benção
mas não sei fazer uma canção
que não tenha dentro a palavra ilusão
que não tenha dentro a palavra solidão
que não tenha dentro a palavra coração
e se esta canção se achar
perdida lá no alto-mar
saída terei senão navegar
e no rumo dela hei eu de errar
em cada grão de areia do meu coração
em cada onda branca desta solidão
e nos vãos coqueiros da minha ilusão
verei surgir certeira a velha canção
que desde sempre esteve
furtada selada postada
no teu coração
(*) essa é pra Adriana, meu amor; como não poderia deixar de ser; aquela que fez rebrilhar em mim o sol do poema; a moça da Ernesto 'Che Guevara' Alves, um três quatro quatro; a namorada de pátios, canteiros e hortas de rúcula; endereço dos meus rudes poemas; caixa-postal do meu coração; poema-canção do próximo livro, aquele do anel cravado no merengue, ou no sorvete-seco; descarada e sinceramente inspirado em Francis Hime & Vinicius de Moraes, "Meu coração".
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