24 outubro, 2005

chacal no nosso pátio*


O ABORÍGENE DO BAIXO GÁVEA

Eu sou um aborígene. Não tenho dúvidas. Eu sou o bêbado que dança em frente a caixa de som das lojas de eletrodomésticos ou de um show em praça pública. Ainda pouco entrei na “track’s”, uma excelente pequena loja de cds e livros na gávea. Estava tocando um som muito bom, uma black music maneira. Comecei a estalar os dedos, depois comecei a chacoalhar o corpo. A música me penetrou. Fiquei ali dançando e vendo capinhas de cds e livros muitos. Depois pedi a balconista, a capinha do cd que estava tocando. Era uma tal de candy staton, ou coisa parecida. Confesso que a capa não dizia muito daquela voz, daquele som que me possuia. Agradeci, me despedi e sai dançando. Estava feliz. Muito em breve, os passarinhos misturados ao trânsito e às freiadas dos ônibus, também me faziam dançar. A praça santos dumont sempre me faz dançar. Às vezes de tristeza com a quantidade de meninos e meninas de rua. Mas danço um blues, um samba de nelson cavaquinho, mas danço. E a tristeza vai passando e de repente, fica só meu corpo seguindo os passos do planeta em torno do sol.
Eu sou um animal tentando me afinar com a música das esferas.
(*) bumerangue virtual direto do blogue do poeta chacal

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