Sócrates:
- Amado, creio teres freqüentado, quando criança, esses eventos a que costumam designar “feiras de filhotes”.
Platão:
Sócrates:
- E tens na memória o que vistes por lá?
Platão:
- Sim, sim; como não o teria? - bezerros, cãezinhos de língua azul, pintinhos – lembro-me inclusive de ter comprado alguns desses últimos com minha mesada, muito embora tenha ouvido algumas reprimendas de meu pai.
Sócrates:
- Não te lembras de tudo, então.
Platão:
- Mas como, mestre?, - não entendo o que queres dizer.
Sócrates:
- Tu te esquecestes do principal, amado, da razão fundamental pela qual estamos aqui, da questão central sobre a qual repousa toda a filosofia.
Platão:
- Não compreendo.
Sócrates:
- Amado, ouve então as palavras de minha boca: a filosofia existe para explicar aqueles pôneis. Vê, pois, o mistério: por que pôneis em feiras de filhotes?
Platão:
- Oh, mestre!, é acima do meu entendimento!
- Acima do de todos nós, amado. Pois se entenderes o absurdo do fenômeno, compreenderás que, no mundo dos cavalos, as feiras de filhotes exibiriam anões enjaulados. E este é o verdadeiro problema que estamos tentando resolver aqui, e do qual dependem todos os outros.
*post original de márcio guilherme.
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