à porta de uma casa
hei de bater sonolento
casa que nem suspeito
o que lá se move dentro
(se é casa de prazeres
com arabescos no ventre
se é coração de pedra
ou asa de pensamento)
à porta de uma casa
em que jamais entrarei
hei de parar um momento
tocarei com medo a pele
de um ser de bronze ardente
face de fauno ou guepardo
ser de alaúde tangendo
cara de cão daquele
que nos fulmina por dentro
por dentro onde ignoro
qual a mortal ternura
que lhe assoma o ossamento
à porta de uma casa
baterei o ombro lento
bem aberta a boca e o pálato
como uma rosa estiolada
no bronze de Giambologna
por trás dos olhos me alveja
cenho de um monstro inocente
(*) Em meu inédito ma non troppo volume de poemas "Anel Postiço em Merengue" (Morador de Lourdes Editor, 2006 talvez). Giambologna (1529-1608), escultor maneirista de origem flamenga, um gênio. Vi essa escultura ("Diavolino Portabandiera") em Curitiba, na Casa Andrade Muricy, na exposição "Florença: Tesouros do Renascimento", em 1999, e ela me impressionou violentamente. Pena não ter encontrado imagem mais detalhada, pois o bronze do artista é implacavelmente belo. Giambologna, aceita homenagem singela desse teu humilde escriba.
hei de bater sonolento
casa que nem suspeito
o que lá se move dentro
(se é casa de prazeres
com arabescos no ventre
se é coração de pedra
ou asa de pensamento)
à porta de uma casa
em que jamais entrarei
hei de parar um momento
tocarei com medo a pele
de um ser de bronze ardente
face de fauno ou guepardo
ser de alaúde tangendo
cara de cão daquele
que nos fulmina por dentro
por dentro onde ignoro
qual a mortal ternura
que lhe assoma o ossamento
à porta de uma casa
baterei o ombro lento
bem aberta a boca e o pálato
como uma rosa estiolada
no bronze de Giambologna
por trás dos olhos me alveja
cenho de um monstro inocente
(*) Em meu inédito ma non troppo volume de poemas "Anel Postiço em Merengue" (Morador de Lourdes Editor, 2006 talvez). Giambologna (1529-1608), escultor maneirista de origem flamenga, um gênio. Vi essa escultura ("Diavolino Portabandiera") em Curitiba, na Casa Andrade Muricy, na exposição "Florença: Tesouros do Renascimento", em 1999, e ela me impressionou violentamente. Pena não ter encontrado imagem mais detalhada, pois o bronze do artista é implacavelmente belo. Giambologna, aceita homenagem singela desse teu humilde escriba.
2 comentários:
Anel postiço em merengue... eu adoro essa sua construção... acho que não tinha falado ainda... é delicada e surreal...
gracias por tus palabras.
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