21 dezembro, 2005

as sílfides*


Sou um cara comedido.

Quer dizer. Com medidas. Meus amigos que o digam. Pouco ouso, raro estar na cercania da desmesura. Não. Procuro sempre a marquise mais próxima, o pedaço de arame vazio pra dependurar a camiseta, ando pela faixa de segurança como um camelo, pouco me excedo em leituras, chazinhos, onomatopéias. Sou um cara desassombrado. Já vi fantasmas, já senti na face o leve balouçar das sílfides. Quer dizer. Algo que se percebe sentado em poltrona de azulzinho às 18h50min quando se dobra à direita na Júlio. Ou fazendo pequenas compras no super. Ou estendendo roupa na cerquinha. Sou um cara que manca, desassossegado. Mesmo quando não doente, manco. Rengueio. Um güeco. Não doente. Um dia um pedaço de mim esteve no País Basco. Sou de meias palavras, posto que elas só são metade. As sílfides me esqueceram. Um azulzinho não parou. O camelo cruzou a Júlio de volta. De volta pra casa.
Quer dizer.


(*) após breve porém lento período enfermo, esse escriba volta, devagarinho como requer uma perna doente.

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