Dizem que existem na Bahia três ritmos: o lento, o muito lento e o Dorival Caymmi – sem ansiedade. Quem popularizou a piadinha foi o escritor Rubem Braga. Mas de preguiçoso ele não tem nada. Tem é cuidado. “Sempre fiz o que meu coração ditava” diz hoje o baiano. Ele compunha apenas quando pintava alguma coisa poética na cabeça de qualidade artesanal. Seu segredo? Não tinha pressa. “Respeito o tempo das coisas e sei que ele tudo cura”, afirma.
Sua música é uma utopia que por si só faz uma crítica da sociedade existente. Imagine você parado num engarrafamento e escuta um trecho de suas canções: “Quem vem para beira do mar... ai...nunca mais quer voltar...” Você já pensa que existem outras formas possíveis de viver.
Com seu amigo Zezinho, ainda adolescente, começou a tocar sambinhas inspirados na espontaneidade do povo baiano e nas festas de rua que aconteciam nos dias de santos. “Como o mar que tem seu próprio ritmo, cada pessoa tem o seu, e a sabedoria está em entender essa sua natureza”, diz Caymmi.
Gilberto Gil compôs uma música em sua homenagem:
“(...) Dorival é um monge chinês,
Nascido na Roma Negra, Salvador,
Se é que ele fez fortuna, ela a fez,
Apostando tudo na carta do amor
Asas, damas e reis,
Ele teve e passou
Teve o mundo aos seus pés
Ele viu, nem ligou
Seguidores fiéis
e ele adiantou
Só levou seu pincéis
a viola e uma flor (...)”
Fonte: Revista Vida Simples, novembro de 2005.
12 dezembro, 2005
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